ômega 3: Muitas pessoas buscam alternativas naturais para melhorar os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Um dos suplementos mais pesquisados nesse contexto é o ômega 3. Mas será que ele realmente ajuda?
Neste artigo, vamos entender:
- O que é o ômega 3
- Qual seu papel no cérebro
- O que dizem os estudos científicos sobre o uso em TDAH
- Quando ele pode ser útil (e quando não substitui o tratamento tradicional)
Índice
O que é o ômega 3?
Ômega 3 é um tipo de gordura poli-insaturada essencial, ou seja, que nosso corpo não produz naturalmente e precisa ser obtida por meio da alimentação ou suplementação.
Os três principais tipos de ômega 3 são:
- ALA (ácido alfa-linolênico) – presente em linhaça, chia, nozes
- EPA (ácido eicosapentaenoico) – encontrado em peixes de águas frias (salmão, sardinha)
- DHA (ácido docosa-hexaenoico) – também presente em peixes e crucial para o cérebro
O EPA e o DHA são os mais relevantes para o funcionamento cerebral.
Qual é o papel do ômega 3 no cérebro?
O DHA é um componente estrutural das membranas neurais, especialmente no córtex pré-frontal, região ligada à atenção, tomada de decisões e controle de impulsos — funções frequentemente afetadas em pessoas com TDAH (Bazinet & Layé, 2014).
Além disso, o ômega 3 tem efeitos anti-inflamatórios e moduladores de neurotransmissores como dopamina e serotonina (Chang et al., 2018), ambos envolvidos nos sintomas do TDAH.
Deficiência de ômega 3 em pessoas com TDAH
Vários estudos encontraram níveis mais baixos de ômega 3 no sangue de crianças e adultos com TDAH comparados com pessoas sem o transtorno (Stevens et al., 1995; Milte et al., 2012). Isso levantou a hipótese de que a suplementação poderia ajudar a:
- Reduzir a desatenção
- Diminuir impulsividade e agressividade
- Melhorar funções cognitivas
Leia também:
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O que dizem os estudos sobre o uso de ômega 3 no TDAH?
Vamos aos dados científicos mais relevantes:
1. Meta-análise de 2018 (Chang et al.)
Uma das revisões mais robustas analisou 10 estudos clínicos com mais de 700 crianças. Resultado:
- Efeitos pequenos, mas significativos sobre a desatenção
- Melhora discreta da impulsividade
- Maior benefício quando o suplemento tinha mais EPA do que DHA
👉 Conclusão: O ômega 3 pode ser um complemento útil, especialmente em casos leves ou como coadjuvante ao tratamento tradicional.
2. Estudo europeu (Bos et al., 2015)
Mostrou que a suplementação com EPA/DHA por 16 semanas gerou melhora em tarefas de atenção sustentada em crianças com TDAH.
3. Estudo com adolescentes (Milte et al., 2012)
Encontrou que adolescentes com níveis mais altos de EPA apresentavam melh
Qual a dose ideal de ômega 3 para o TDAH?
Os estudos sugerem que as melhores respostas ocorrem com doses entre 750 mg e 1500 mg por dia de EPA + DHA, com predominância de EPA. Suplementos com proporção de EPA:DHA de pelo menos 3:1 parecem ser mais eficazes (Chang et al., 2018).
⚠️ Importante: Sempre consulte um profissional de saúde antes de iniciar qualquer suplementação, principalmente em crianças e adolescentes.
Alimentos ricos em ômega 3
Embora o foco aqui seja o suplemento, é possível aumentar a ingestão de ômega 3 por meio da alimentação. Boas fontes incluem:
- Salmão, sardinha, cavala
- Sementes de chia e linhaça
- Nozes
- Óleo de peixe ou de krill
O ômega 3 pode substituir a medicação para TDAH?
Não. O ômega 3 não substitui os medicamentos psicotrópicos (como metilfenidato, lisdexanfetamina ou atomoxetina) em casos moderados ou graves de TDAH. No entanto:
- Pode ser uma opção inicial em casos leves, especialmente se houver resistência ao uso de medicamentos
- Pode potencializar o efeito da medicação tradicional
- Pode ajudar a reduzir efeitos colaterais leves, como irritabilidade ou ansiedade
uem pode se beneficiar mais do ômega 3?
- Crianças com TDAH leve ou sintomas subclínicos
- Adolescentes com dificuldades escolares e impulsividade
- Adultos que desejam adotar uma abordagem integrativa
- Pessoas com histórico familiar de doenças inflamatórias ou cardiovasculares
Possíveis efeitos colaterais do ômega 3
Apesar de ser bem tolerado, o uso de ômega 3 pode causar:
- Gosto residual de peixe
- Náuseas ou diarreia
- Risco de sangramentos em doses muito altas (acima de 3g/dia)
Por isso, o uso deve ser orientado por nutricionistas ou médicos.
Ômega 3 e outros tratamentos naturais para o TDAH
Além do ômega 3, outras abordagens naturais com evidência moderada incluem:
- Exercício físico regular
- Mindfulness
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
- Sono de qualidade
- Dieta rica em proteínas e baixo índice glicêmico
Todos esses fatores têm impacto positivo na regulação da atenção e do humor.
Conclusão
O ômega 3 não é uma cura para o TDAH, mas é um aliado promissor. Suplementado de forma correta e com acompanhamento, ele pode melhorar sintomas leves de desatenção, impulsividade e regulação emocional.
Se você busca um tratamento natural complementar, converse com seu psicólogo, psiquiatra ou nutricionista funcional. O caminho mais eficaz ainda é uma abordagem multimodal — que combina medicação, psicoterapia e hábitos saudáveis.