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Centanafadina: A Nova Esperança para o Tratamento do TDAH

Centanafadina é um tratamento emergente para o TDAH, com eficácia comprovada em crianças, adolescentes e adultos, e perfil diferenciado. Descubra como funciona e se pode ser uma opção para você.

Centanafadina: Desde que os estimulantes tradicionais — como metilfenidato e anfetaminas — dominaram o tratamento farmacológico do TDAH, a busca por alternativas eficazes e com menos efeitos colaterais se intensificou. Nesse contexto surgiu o Centanafadina, um medicamento inovador que atua no sistema nervoso central de forma diferente: é um inibidor de recaptação de noradrenalina, dopamina e serotonina — um NDSRI.

Nos últimos anos, pesquisadores publicaram diversos ensaios clínicos de fase 3, comparações indiretas com estimulantes tradicionais e estudos de longo prazo. Todos oferecem pistas valiosas sobre o potencial do Centanafadina em tratar o TDAH — com a promessa de eficácia real e perfil de tolerabilidade promissor.

O que é Centanafadina (CTN)?

O Centanafadina (nome comercial ainda em estudo, código EB-1020) é um inibidor triplo de recaptação (“triple reuptake inhibitor”), que bloqueia simultaneamente o transporte de:

  • Noradrenalina
  • Dopamina
  • Serotonina

Esse padrão híbrido oferece um perfil farmacológico distinto:

  • É um não estimulante, diferente dos medicamentos mais usados atualmente.
  • Aponta para benefícios sobre sintomas centrais do TDAH, que vão além de foco — como impulsividade, regulação emocional e organização comportamental.

O único inibidor triplo na prática clínica até hoje tem sido o atomoxetina, que atua basicamente na noradrenalina e dopamina via noradrenalina — sem afetar a serotonina significativa. Por isso, o Centanafadina representa uma nova via potencialmente mais rica .

O que os estudos mostram

Ensaios clínicos em adultos

Dois estudos de fase 3 duplo-cegos, envolvendo doses de 200 mg e 400 mg/dia durante 6 semanas, mostraram:

  • Redução significativa dos sintomas no Adult ADHD Investigator Symptom Rating Scale (AISRS)
  • Redução média aproximada de 12,1 a 12,5 pontos no AISRS, contra 8,1 no placebo medscape.com
  • Resposta clinicamente relevante em 24–25% dos pacientes tratados, contra 15% no placebo

Esses dados estabelecem que já a partir da 1ª semana de tratamento há melhora clara, mantida até a 6ª semana .

Ensaios pediátricos

Também foram realizados dois estudos em crianças e adolescentes (6–17 anos), fase 3, com desenho semelhante (placebo x doses fixas). Os resultados mostram eficácia já na 1ª semana, com diferenças estatisticamente significativas especialmente em doses mais altas

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Perfil de segurança e efeitos colaterais

Em geral, o Centanafadina apresentou bom perfil de tolerabilidade, com efeitos adversos típicos e leves:

  • Insônia, diminuição de apetite, náusea, fadiga, dores leves
  • Raramente alergias de pele ou sintomas relacionados à proibição de abuso
  • No estudo de longo prazo (52 semanas), a taxa global de efeitos adversos foi de 61%, mas apenas 12% interromperam devido aos sintomas

Isso indica que, embora comuns, os efeitos colaterais são geralmente leves, e o beneficio supera os riscos em muitos casos.

Comparações indiretas com estimulantes

Métodos de matching-adjusted indirect comparisons (MAIC) foram realizados para comparar Centanafadina com outros medicamentos, em dados agrupados:

  • Em relação à metilfenidato (Concerta), o CTN apresentou:
    • Menor risco de efeitos colaterais (insônia, boca seca, perda de apetite, palpitações e ansiedade)
    • Ganhos semelhantes na redução de sintomas em análises sensíveis (equivalência clínica)
  • Comparações com lisdexamfetamina, atomoxetina e viloxazina mostraram menor taxa de efeitos adversos com Centanafadina, ainda que em alguns casos a eficácia fosse menor ou equivalente.

Esses dados sugerem que o CTN é uma opção segura e potencialmente menos reativa, especialmente para pessoas que não toleram bem estimulantes.

Eficácia no longo prazo (52 semanas)

No estudo aberto de longo prazo (ano, 400 mg/d), observou-se:

  • Melhora contínua em AISRS total, inatencão e hiperatividade/impulsividade
  • Redução na gravidade geral (CGI-S) de 4,2 para cerca de 2,7
  • Tolerabilidade mantida, com pouca descontinuação por efeitos adversos

Esses resultados reforçam que o Centanafadina é eficaz e razoavelmente bem tolerado ao longo de 1 ano.

Como o Centanafadina funciona

  • Bloqueia recaptação de noradrenalina, dopamina e serotonina
  • Aumenta a ativação pré-frontal e circuitos cerebrais de regulação
  • Age de forma não estimulante, minimizando risco de abuso
  • Possui potencial para reduzir sintomas de impulsividade, instabilidade emocional e insônia

É importante notar que, por ser um NDSRI, pode ser classificado como não estimulante com perfil similar ao atomoxetina, mas com espectro de ação mais amplo.

Possíveis indicações terapêuticas

Centanafadina pode ser indicado para:

  • Adultos, crianças e adolescentes com TDAH
  • Pacientes que não toleram bem estimulantes (efeitos colaterais, insônia, ansiedade, apetite reduzido)
  • Pessoas com TDAH e padrão emocional instável, fadiga ou irritabilidade
  • Casos onde estímulo dopaminérgico tradicional é contraindicado

Seu uso clínico ainda depende de aprovação regulatória (como nos EUA, FDA, e Europa, EMA), mas os dados apontam para um perfil promissor.

Cuidados e considerações

  • Estudos não substituem avaliação médica personalizada.
  • Ainda há necessidade de ensaios diretos comparando Centanafadina com outras drogas.
  • A via de administração atual é oral, com doses personalizadas (ajuste por peso e sintomas).
  • A combinação com terapia (como TCC) ainda é essencial — o medicamento não é uma solução única.

O futuro nas perspectivas do TDAH

Centanafadina representa uma nova fronteira, trazendo:

  • Mais opções para indivíduos que não respondem ou toleram mal estimulantes
  • Maior segurança em comorbidades (ansiedade, insônia, risco cardiovascular)
  • Possibilidade de tratamento integral, envolvendo neurotransmissores múltiplos

Os resultados de ensaios clínicos de fase 3, comparações indiretas e estudos de longo prazo fornecem a base para seu uso seguro e eficaz — abrindo caminho para a introdução em protocolos clínicos futuros.

Centanafadina e a liberação no Brasil?

Atualmente, a Centanafadina ainda não foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para comercialização no Brasil. No entanto, considerando o avanço dos estudos de fase 3 e o interesse crescente por alternativas não estimulantes no tratamento do TDAH, espera-se que em breve o laboratório responsável dê entrada no processo regulatório. A chegada da Centanafadina ao Brasil pode representar um marco importante, especialmente para pacientes que enfrentam efeitos adversos com os medicamentos tradicionais ou que convivem com comorbidades como ansiedade e distúrbios do sono. Até lá, é fundamental que pacientes e profissionais de saúde acompanhem as atualizações sobre a aprovação e considerem as opções já disponíveis no país.

Conclusão

  • O Centanafadina é o primeiro NDSRI em desenvolvimento para TDAH, com dados clínicos robustos.
  • Ele demonstrou redução significativa de sintomas, desde a primeira semana, em adultos e crianças.
  • Apresenta menores efeitos adversos que estimulantes como metilfenidato e lisdexamfetamina.
  • É bem tolerado ao longo de 1 ano, mantendo benefícios e baixa taxa de desistência.
  • Traz uma opção real para quem busca tratamento eficaz, sem os efeitos colaterais clássicos de estimulantes.

Ainda que aguardemos aprovação formal e mais estudos, já é possível dizer que o Centanafadina reinventa possibilidades no cuidado ao TDAH.

Carlos Almada Psicólogo / Neuropsicólogo
Carlos Almada Psicólogo / Neuropsicólogohttps://www.tdahbrasil.com.br
Psicólogo e Neuropsicólogo, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental especializado no atendimento e diagnóstico de adultos com TDAH.
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